quarta-feira, 16 de julho de 2014

Notícias mal noticiadas

Sobre isso aí: http://bit.ly/15mOdBt

     Acabei de ler uma matéria do “Portal Correio” (mal escrita - sim, também, ortograficamente falando) que me intrigou um pouco e me deu uma certa raiva, confesso. Uma tal de DJ Cris Lima (que foi intitulada ou se auto intitula uma das tuiteiras mais conhecidas da Paraíba - posso citar uns 50 infinitamente mais conhecidos que ela, no meio cultural, principalmente) denunciou o que provavelmente é a maior expressão cultural pública e de qualidade (milagre) da cidade de João Pessoa. 

     Pra falar a verdade, um dos meus primeiros pensamentos foi: que tipo de música essa mulher toca? Mas enfim, voltemos. Vou começar a crítica cronologicamente falando, de acordo com a matéria, infelizmente, publicada.

     “Participantes do projeto ‘Sabadinho Bom’ (...) denunciaram através das redes sociais (...) que a localidade (...) virou ponto de venda e consumo de drogas.” Além de pensar em que tipo de anjos são esses ‘participantes’, coitados, retirados de suas casas, em pleno sábado a tarde, para frequentar um lugar tão horrível quanto o Beco da Cachaçaria, me questiono sobre o que os faz resumir o projeto (dois projetos, na verdade) a uma ‘boca de fumo’? As drogas são generalizadas? O consumo é generalizado? É a PMJP, através do Sabadinho Bom, que repassa? A prefeitura tem sim suas problemáticas, mas acho que drogas ainda são um pouco pesadas para ela. Opa, ironia.

     PS: É triste ver que o ditado “a corda sempre rasga no lado mais fraco” é, de fato, uma verdade. Fico pensando o quanto deve pesar o intuito e a produção do evento numa reportagem como essa: drogas num evento público - deve ser tudo que certas elites queriam saber. (A essa altura devem estar achando que eu sou a favor das drogas, fui na Marcha da Maconha e afins. Não, eu realmente não sou a favor das drogas e isso não é para parecer melhor ou pior que ninguém; mas não preciso provar nada). 

     É importante frisar o peso que tem para um projeto como esse, ser tachado de “boca de fumo”, ainda que através de eufemismos. O que eu gostaria mesmo de saber é porque as drogas que são excessivamente consumidas em lugares frequentados pela elite da cidade não são denunciadas. Sim, foi uma retórica - irônica. Fui a um show, numa grande casa, a maior da cidade, provavelmente, cuja segurança me disseram que era máxima, dificílima de ser driblada... Mas enquanto O Rappa tocou, Maria Joana levitou por todo o recinto. É com essa impunidade que eu me revolto. Com a ‘tolerância’ que certas pessoas (e porque não o poder público?) tem. Se o dinheiro dá pra pagar o cachê d’O Rappa, imagine para pagar algumas pessoas, instituições também, possivelmente. Porém, eu entendo o quanto deve ser difícil denunciar que o filho do juiz, do delegado ou do médico fulano de tal “come pedra” – pedra cara. (Fui irônica novamente. É sempre bom lembrar), imaginem o escândalo. Mas voltando... A DJ pseudo star pessoense (o que não é muito difícil, visto o tamanho da cidade) disse ainda que tem amigas menores de idade, que se drogam no Beco da Cachaçaria. Perguntas:

1. Cadê “mainha e painho” que deixaram essas viciadas saírem de casa?
2. Essas ‘amigas’ consomem por livre vontade ou são obrigadas ao uso?
3. Se não houvesse droga no Centro Histórico, elas não seriam usuárias?
4. Até onde eu sei, drogas são vendidas por todo canto da cidade (Cabo Branco, Manaíra e afins idem, pasmem). Porque comprar e consumir lá? 
5. Por que citar o evento como ponto de drogas e não o endereço da rua?
6. Essas meninas já estão sendo tratadas? Rehab já!

     “Outro problema denunciado é que a rua do ‘Beco da Cachaça’ é fechada impedindo a passagem de veículos. ‘Esse beco não tem nenhuma ligação com o ‘Sabadinho Bom’”. Nesse beco ficam percussões que tocam vários ritmos. “Mas, infelizmente, o consumo de drogas é grande’, disse a estudante Karolyne Silva, reforçando que o uso de entorpecentes ocorre sempre após as 17h, quando termina o ‘Sabadinho Bom’.” “Beco da Cachaça”, hmmm, isso foi uma ironia? Senti o cheiro, mas essa passa porque foi baixa demais. Sobre Karolyne, gostaria de saber se manifestação cultural, de acordo com seu depoimento, só seria válida se estivesse ligado ao “Sabadinho Bom”. Quanto aos carros, acho que o militar citado na matéria já explicou tudo legalmente. Apenas enfatizando: não sou a favor das drogas, não cheiro, não injeto, não fumo – bebo álcool, que é uma droga lícita, moderadamente – mas devo assumir que nunca fui importunada pelo uso destas durante o evento. É a velha história do “quem quer, acha”, como eu nunca procurei, não tomei conhecimento, já quem se interessou pelos produtos, com certeza os achou.

     “O uso de drogas inibe o aumento do número de visitantes na manifestação cultural”. Gargalhei. Ok, na verdade eu só ri um pouco. Todos os sábados dezenas de turistas (visivelmente estrangeiros, na maioria das vezes) estão presentes tanto no “Sabadinho Bom” quando no “Projeto no Beco”. Talvez, assim como eu, eles também não estejam procurando drogas, nem sendo importunados por elas. Dando visibilidade à cultura, esta chama! O Brasil, o Nordeste, principalmente, é de uma riqueza cultural inestimável. Mistura de ritmos, cores, emoções, sorrisos, esses são atributos que qualquer bom turista preza quando vai a um centro histórico. Falando pelas pessoas que já levei ao local, estrangeiros e nacionais, estes adoraram. É energia que contagia (acho que essa frase é um slogan, que ninguém me processe, por favor).

     No mais, e finalizando, espero que o problema com as drogas acabem – elas não tem esse nome à toa. Mas espero também que as pessoas e o poder público saibam separar, de forma correta, as situações. Não é o “Sabadinho Bom” ou a “Associação Cultural Beco da Philipeia” que promove o consumo de drogas em praça pública (literalmente), assim como não foi a grande casa de show que eu fui que liberou Maria Joana para ir à apresentação d’O Rappa (ou talvez tenha sido – droga dá dinheiro). Com relação a Redação do Portal Correio, sugiro uma pesquisa de campo antes de determinadas publicações.

Karla Carolina

Nenhum comentário:

Postar um comentário