quinta-feira, 17 de julho de 2014

Sobre os "ômbidus"

   A notícia que movimentou os veículos de comunicação em João Pessoa hoje, 17 de julho de 2014, foi o possível e provável aumento da passagem de ônibus. Após uma rápida greve dos cobradores e motoristas pela reivindicação salarial, mais uma vez é cogitado o encarecimento da entrada nos "transportes públicos".

   Questionamento: os ônibus são tachados de transportes públicos devido ao acesso de qualquer cidadão aos mesmos? Vejamos um exemplo: alguém acha que os shoppings são públicos? São estabelecimentos privados, apesar do livre acesso da população. É importante lembrar que esta não paga pela prestação de serviço público. As universidades federais e estaduais são isentas de mensalidade, bem como as escolas municipais e do estado. Da mesma maneira acontece com o Sistema Único de Saúde (SUS) e alguns outros serviços de cunho governamental.

   Primeiro, é válida a explicação do termo "público". Segundo o dicionário Priberam de Língua Portuguesa, o termo significa: "Relativo a governação ou administração de um país ≠ particular, privado" ou, ainda, "Setor de uma atividade pertencente ao Estado" (http://www.priberam.pt/dlpo/p%C3%BAblico, consultado em 17/07/2014). Considerando o uso de capital, que caracteriza a instituição particular (de qualquer segmento), há de se convir (e perceber) que as empresas de ônibus prestam sim, um serviço privado; não são estatais. 

   A partir do momento em que se paga por algo, é preciso que haja o mínimo de comodidade no atendimento proporcionado (nesse caso, desde a não lotação dos transportes até o quesito segurança). 

   Dando profundidade a este tipo de assunto, fica complicado aderir à imparcialidade; uma vez que as condições quase que precárias do serviço citado são cada vez mais recorrentes. Ônibus superlotados, insegurança, motoristas que, muitas vezes, "queimam" paradas repletas de pessoas que chegam a passar 40 minutos ou uma hora esperando sua condução, além do já óbvio: alto preço das passagens. E isso por ser aqui, numa capital relativamente pequena. Numa megalópole a situação é ainda pior.

    Bom, o fato é que a Associação de Empresas de Transportes Coletivos Urbanos de João Pessoa (AETC  JP) solicitou à Secretaria de Mobilidade Urbana (Semob) uma reavaliação sobre o custo dos ingressos ao transporte (falsamente) público. De acordo com o PBNews (http://www.pbnews.com.br/) a requisição lista os gastos das empresas, bem como os "serviços necessários para a operação do sistema", a exemplo dos "reajustes salariais, aquisição e manutenção de veículos e custo de óleo diesel", conforme pontuou Mário Tourinho (diretor da AETC).

   A solicitação está em análise. Caso aprovada, uma declaração é enviada ao Conselho de Mobilidade Urbana para que esta se posicione sobre o assunto. A decisão final, entretanto, é do Poder Executivo.

    Em 2013, na onda dos protestos que (felizmente) percorreram todo o país, houve a reivindicação pelo aumento da passagem (que à época, aumentaria para R$2,30). Diante da pressão pública, as autoridades recuaram. Desta vez, o valor sobe R$0,6 além do que estava previsto para o ano passado. Contudo, também houve a concessão do passe-livre para estudantes de escolas estaduais e municipais - pelo menos; ação que deveria ter sido aplicada, também, aos estudantes de universidades públicas.

   A conclusão é difícil, mas o desejo (pessoal) é um só: que as empresas possam racionalmente solucionar este problema. O cidadão sofre enquanto a ganância financeira de determinados setores é decidida ao bel prazer de quem não tem que se preocupar com a hora de acordar e nem quanto tempo vai perder numa parada de ônibus.

E é assim que lembro da minha irmã, de apenas dois anos, num diálogo com a minha mãe:

- Mamãe, como é que a gente vai?
- De ônibus, Clarinha.
- De "ômbidus"?! Meu Deus, não!

Karla Carolina.

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