sábado, 25 de outubro de 2014

Não esqueçam o Varadouro

Foto: Reprodução/ Internet

Não é de hoje que os frequentadores do Centro Histórico de João Pessoa sofrem com a falta de segurança no local. O Varadouro, bairro berço da capital paraibana vem sendo deteriorado gradativamente e a violência tem se instalado cada vez mais.

Na noite da última sexta-feira (24), por volta das 22h30, cinco disparos de arma de fogo foram efetuados na Ladeira São Pedro Gonçalves, no Largo de mesmo nome, ao lado do Hotel Globo. Os que estavam no local, durante o ocorrido, ligaram consecutivas vezes para a Central de Polícia (190) que não atendia às ligações, como foi o caso de Bruna Chaves, frequentadora assídua do Centro Histórico.

O Varadouro tem um fluxo de frequentadores muito maior no final de semana devido à programação cultural que oferece. Nas sextas, entretanto, o público que mais comparece não é o que vai com interesse nas opções de lazer. Rapazes com motos “Trax” e “Cinquentinha” (famosas por serem veículos usados para pequenos roubos), ocupam as praças num clima suspeito. Não raro, protagonizam brigas e a exemplo desta sexta-feira, trocam tiros.

Para quem está sempre pelo local, o desejo é um só: segurança. É preciso que haja um policiamento frequente e eficaz no Varadouro enquanto pólo cultural mas, principalmente, como bairro residencial. O perigo que assola os frequentadores das noites no Centro Histórico nos finais de semana é o mesmo que aterroriza os moradores todos os dias.

Posto policial, posto de saúde, paradas de ônibus seguras, iluminação nas ruas: porquê o Varadouro não tem? Em outros bairros da cidade é possível ver esses postos tão necessários. No Centro, entretanto, a realidade é outra.

É preciso que o poder público acorde para a situação em que se encontra o Varadouro. É preciso que haja um posto policial fixo no lugar para prevenir desde as pixações ao patrimônio histórico aos tiroteios que põem em risco as vidas de centenas de frequentadores.

Prefeitura, não esqueça do Varadouro!

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Transtorno no Processo Menstrual, mais conhecido como “Tensão Pré Menstrual” ou TPM

                Como se “tensão” fosse um termo abrangente e bem significativo. Antes fosse só uma tensão. TPM é mais que isso. É quando seus hormônios resolvem, simplesmente, brincar com a sua cara, te tornar meio psicopata e ao mesmo tempo – como se já não bastasse a vontade de exterminar qualquer indivíduo que lhe contrarie – te deixar a pessoa mais frágil do mundo. É, definitivamente, um inferno mensal.

                Não dá trabalho reconhecer uma mulher nesse período. Tudo fica mais à flor da pele e da cor da flor: vermelha – quando não o vermelho da raiva, do literal sangue, este vem na forma de amabilidade, doçura e litros de lágrimas. E sobre chorar... Puta que pariu (estou de TPM), é uma das piores partes! Você tem vontade de chorar se o computador demorou a reiniciar, se o almoço não ficou pronto logo, se aquela pessoa não te respondeu exatamente no segundo em que você mandou aquela mensagem no whatsapp (cuja atitude você se arrepende também no mesmo minuto, já que a pessoa não foi tão ágil e, portanto, recíproca)... É assim: você chora porque ventou, fez sol, choveu ou o fio do seu cabelo saiu do lugar. E pior: você tem consciência de que são os hormônios agindo. Tsc

[Como total credora da reencarnação, deixo aqui registrado que na próxima, haja o que houver, não importa os termos, as condições, o escambal: virei como homem. Já decidi, tá decido].

                A questão da raiva também é complicadíssima. A TPM tem essas coisas de induzir as mulheres a agirem por impulso, movidas por qualquer faísca maligna (deve ter pacto com o de lá de baixo, inclusive – não duvido, não duvidem). É um período em que os hormônios nos fazem acreditar que não haverá amanhã, que qualquer ato é válido, que podemos descontar todo esse desconforto em quem (muitas vezes) nada tem a ver com nossos problemas. Mas quem se importa?! Faz mal ficar engasgado, né? A TPM desengasga (e faz isso bem demais). Porém, há de se reconhecer que é uma posição mais do que falha; pra quê sair destilando ódio por aí, gente? (calma, é um pensamento pós transtorno – não o meu, nesse momento).

                Sim, eu disse transtorno, né? Disse. Usei esse termo porque não é possível que ninguém nunca tenha notado o que é esse período, de fato. Gente, é um transtorno psicológico! Não tem condições de ser outra coisa. Como explicar a bipolaridade feminina durante uma ou (quase duas) semanas? Não é normal. Não deveria ser normal. Arrrrrgh, não aguento isso. Deveria existir um “Bolsa Spa” para mulheres de TPM. Deveria ser um assunto de utilidade pública.

[O exagero é uma das características desse período do Capiroto. Tudo é motivo para hipérboles, pensamentos aprofundadíssimos e ai de quem duvidar ou reclamar].

Acho que é basicamente isso. “Basicamente” porque querer explicar essa chatice é complicado demais. Só sei que ultimamente só consigo pensar que é um transtorno. Isso porque tenho me sentido uma bipolar constante. Ora bem, ora “djaba”. Rs. Mas ok, o pensamento é um só: semana que vem passa.


*Mas mês que vem volta. Argh.

quinta-feira, 17 de julho de 2014

Sobre os "ômbidus"

   A notícia que movimentou os veículos de comunicação em João Pessoa hoje, 17 de julho de 2014, foi o possível e provável aumento da passagem de ônibus. Após uma rápida greve dos cobradores e motoristas pela reivindicação salarial, mais uma vez é cogitado o encarecimento da entrada nos "transportes públicos".

   Questionamento: os ônibus são tachados de transportes públicos devido ao acesso de qualquer cidadão aos mesmos? Vejamos um exemplo: alguém acha que os shoppings são públicos? São estabelecimentos privados, apesar do livre acesso da população. É importante lembrar que esta não paga pela prestação de serviço público. As universidades federais e estaduais são isentas de mensalidade, bem como as escolas municipais e do estado. Da mesma maneira acontece com o Sistema Único de Saúde (SUS) e alguns outros serviços de cunho governamental.

   Primeiro, é válida a explicação do termo "público". Segundo o dicionário Priberam de Língua Portuguesa, o termo significa: "Relativo a governação ou administração de um país ≠ particular, privado" ou, ainda, "Setor de uma atividade pertencente ao Estado" (http://www.priberam.pt/dlpo/p%C3%BAblico, consultado em 17/07/2014). Considerando o uso de capital, que caracteriza a instituição particular (de qualquer segmento), há de se convir (e perceber) que as empresas de ônibus prestam sim, um serviço privado; não são estatais. 

   A partir do momento em que se paga por algo, é preciso que haja o mínimo de comodidade no atendimento proporcionado (nesse caso, desde a não lotação dos transportes até o quesito segurança). 

   Dando profundidade a este tipo de assunto, fica complicado aderir à imparcialidade; uma vez que as condições quase que precárias do serviço citado são cada vez mais recorrentes. Ônibus superlotados, insegurança, motoristas que, muitas vezes, "queimam" paradas repletas de pessoas que chegam a passar 40 minutos ou uma hora esperando sua condução, além do já óbvio: alto preço das passagens. E isso por ser aqui, numa capital relativamente pequena. Numa megalópole a situação é ainda pior.

    Bom, o fato é que a Associação de Empresas de Transportes Coletivos Urbanos de João Pessoa (AETC  JP) solicitou à Secretaria de Mobilidade Urbana (Semob) uma reavaliação sobre o custo dos ingressos ao transporte (falsamente) público. De acordo com o PBNews (http://www.pbnews.com.br/) a requisição lista os gastos das empresas, bem como os "serviços necessários para a operação do sistema", a exemplo dos "reajustes salariais, aquisição e manutenção de veículos e custo de óleo diesel", conforme pontuou Mário Tourinho (diretor da AETC).

   A solicitação está em análise. Caso aprovada, uma declaração é enviada ao Conselho de Mobilidade Urbana para que esta se posicione sobre o assunto. A decisão final, entretanto, é do Poder Executivo.

    Em 2013, na onda dos protestos que (felizmente) percorreram todo o país, houve a reivindicação pelo aumento da passagem (que à época, aumentaria para R$2,30). Diante da pressão pública, as autoridades recuaram. Desta vez, o valor sobe R$0,6 além do que estava previsto para o ano passado. Contudo, também houve a concessão do passe-livre para estudantes de escolas estaduais e municipais - pelo menos; ação que deveria ter sido aplicada, também, aos estudantes de universidades públicas.

   A conclusão é difícil, mas o desejo (pessoal) é um só: que as empresas possam racionalmente solucionar este problema. O cidadão sofre enquanto a ganância financeira de determinados setores é decidida ao bel prazer de quem não tem que se preocupar com a hora de acordar e nem quanto tempo vai perder numa parada de ônibus.

E é assim que lembro da minha irmã, de apenas dois anos, num diálogo com a minha mãe:

- Mamãe, como é que a gente vai?
- De ônibus, Clarinha.
- De "ômbidus"?! Meu Deus, não!

Karla Carolina.

quarta-feira, 16 de julho de 2014

Praia do Futuro

(Resenha)

     Estrelado pelo já consagrado Wagner Moura e o alemão Clemens Schick, “Praia do Futuro” conta, ainda, com o ator cearense Jesuíta Barbosa. A direção é do respeitadíssimo Karim Ainouz. O filme foi feito numa parceria entre Governo Federal e o Consulado da Alemanha no Brasil – além de ter sido gravado em ambos os países.

     A película se inicia contando a história do salva-vidas Donato (interpretado por Wagner). Ele levava uma vida pacata e monótona, na Praia do Futuro (CE) até conhecer o alemão Konrad, durante um afogamento, no qual o estrangeiro perdeu um amigo.

     A sintonia entre os dois é forte. Desde as primeiras cenas do encontro, já é possível ver a interação do casal e a intensidade dos acontecimentos. Apesar da veemência, entretanto, o filme anda lentamente e a cronologia é um tanto descompassada.

     Donato e Konrad se mudam para a Alemanha pouco após o trágico acidente pelo qual se conheceram. Lá, eles moram juntos e alguns anos depois se separam. Donato já tem fluência no idioma, um emprego e decide fixar residência em terras alemãs. Com o passar do tempo, Ayrton (interpretado por Jesuíta Barbosa), irmão de Donato, descobre que este é homossexual e vai ao seu encontro, após perder sua mãe.

     Donato estabiliza-se como nadador num grande oceanário e resolve fixar residência na Alemanha, onde pode ser ele mesmo, sem o olhar torto de quem já o conhecia e longe de uma sociedade maciçamente preconceituosa. O filme termina com os personagens juntos e bem, apesar de, num primeiro momento, Ayrton julgar bastante a condição sexual do irmão. O desfecho da história é harmonioso e todos seguem vivendo em território germânico.

Karla Carolina.

Notícias mal noticiadas

Sobre isso aí: http://bit.ly/15mOdBt

     Acabei de ler uma matéria do “Portal Correio” (mal escrita - sim, também, ortograficamente falando) que me intrigou um pouco e me deu uma certa raiva, confesso. Uma tal de DJ Cris Lima (que foi intitulada ou se auto intitula uma das tuiteiras mais conhecidas da Paraíba - posso citar uns 50 infinitamente mais conhecidos que ela, no meio cultural, principalmente) denunciou o que provavelmente é a maior expressão cultural pública e de qualidade (milagre) da cidade de João Pessoa. 

     Pra falar a verdade, um dos meus primeiros pensamentos foi: que tipo de música essa mulher toca? Mas enfim, voltemos. Vou começar a crítica cronologicamente falando, de acordo com a matéria, infelizmente, publicada.

     “Participantes do projeto ‘Sabadinho Bom’ (...) denunciaram através das redes sociais (...) que a localidade (...) virou ponto de venda e consumo de drogas.” Além de pensar em que tipo de anjos são esses ‘participantes’, coitados, retirados de suas casas, em pleno sábado a tarde, para frequentar um lugar tão horrível quanto o Beco da Cachaçaria, me questiono sobre o que os faz resumir o projeto (dois projetos, na verdade) a uma ‘boca de fumo’? As drogas são generalizadas? O consumo é generalizado? É a PMJP, através do Sabadinho Bom, que repassa? A prefeitura tem sim suas problemáticas, mas acho que drogas ainda são um pouco pesadas para ela. Opa, ironia.

     PS: É triste ver que o ditado “a corda sempre rasga no lado mais fraco” é, de fato, uma verdade. Fico pensando o quanto deve pesar o intuito e a produção do evento numa reportagem como essa: drogas num evento público - deve ser tudo que certas elites queriam saber. (A essa altura devem estar achando que eu sou a favor das drogas, fui na Marcha da Maconha e afins. Não, eu realmente não sou a favor das drogas e isso não é para parecer melhor ou pior que ninguém; mas não preciso provar nada). 

     É importante frisar o peso que tem para um projeto como esse, ser tachado de “boca de fumo”, ainda que através de eufemismos. O que eu gostaria mesmo de saber é porque as drogas que são excessivamente consumidas em lugares frequentados pela elite da cidade não são denunciadas. Sim, foi uma retórica - irônica. Fui a um show, numa grande casa, a maior da cidade, provavelmente, cuja segurança me disseram que era máxima, dificílima de ser driblada... Mas enquanto O Rappa tocou, Maria Joana levitou por todo o recinto. É com essa impunidade que eu me revolto. Com a ‘tolerância’ que certas pessoas (e porque não o poder público?) tem. Se o dinheiro dá pra pagar o cachê d’O Rappa, imagine para pagar algumas pessoas, instituições também, possivelmente. Porém, eu entendo o quanto deve ser difícil denunciar que o filho do juiz, do delegado ou do médico fulano de tal “come pedra” – pedra cara. (Fui irônica novamente. É sempre bom lembrar), imaginem o escândalo. Mas voltando... A DJ pseudo star pessoense (o que não é muito difícil, visto o tamanho da cidade) disse ainda que tem amigas menores de idade, que se drogam no Beco da Cachaçaria. Perguntas:

1. Cadê “mainha e painho” que deixaram essas viciadas saírem de casa?
2. Essas ‘amigas’ consomem por livre vontade ou são obrigadas ao uso?
3. Se não houvesse droga no Centro Histórico, elas não seriam usuárias?
4. Até onde eu sei, drogas são vendidas por todo canto da cidade (Cabo Branco, Manaíra e afins idem, pasmem). Porque comprar e consumir lá? 
5. Por que citar o evento como ponto de drogas e não o endereço da rua?
6. Essas meninas já estão sendo tratadas? Rehab já!

     “Outro problema denunciado é que a rua do ‘Beco da Cachaça’ é fechada impedindo a passagem de veículos. ‘Esse beco não tem nenhuma ligação com o ‘Sabadinho Bom’”. Nesse beco ficam percussões que tocam vários ritmos. “Mas, infelizmente, o consumo de drogas é grande’, disse a estudante Karolyne Silva, reforçando que o uso de entorpecentes ocorre sempre após as 17h, quando termina o ‘Sabadinho Bom’.” “Beco da Cachaça”, hmmm, isso foi uma ironia? Senti o cheiro, mas essa passa porque foi baixa demais. Sobre Karolyne, gostaria de saber se manifestação cultural, de acordo com seu depoimento, só seria válida se estivesse ligado ao “Sabadinho Bom”. Quanto aos carros, acho que o militar citado na matéria já explicou tudo legalmente. Apenas enfatizando: não sou a favor das drogas, não cheiro, não injeto, não fumo – bebo álcool, que é uma droga lícita, moderadamente – mas devo assumir que nunca fui importunada pelo uso destas durante o evento. É a velha história do “quem quer, acha”, como eu nunca procurei, não tomei conhecimento, já quem se interessou pelos produtos, com certeza os achou.

     “O uso de drogas inibe o aumento do número de visitantes na manifestação cultural”. Gargalhei. Ok, na verdade eu só ri um pouco. Todos os sábados dezenas de turistas (visivelmente estrangeiros, na maioria das vezes) estão presentes tanto no “Sabadinho Bom” quando no “Projeto no Beco”. Talvez, assim como eu, eles também não estejam procurando drogas, nem sendo importunados por elas. Dando visibilidade à cultura, esta chama! O Brasil, o Nordeste, principalmente, é de uma riqueza cultural inestimável. Mistura de ritmos, cores, emoções, sorrisos, esses são atributos que qualquer bom turista preza quando vai a um centro histórico. Falando pelas pessoas que já levei ao local, estrangeiros e nacionais, estes adoraram. É energia que contagia (acho que essa frase é um slogan, que ninguém me processe, por favor).

     No mais, e finalizando, espero que o problema com as drogas acabem – elas não tem esse nome à toa. Mas espero também que as pessoas e o poder público saibam separar, de forma correta, as situações. Não é o “Sabadinho Bom” ou a “Associação Cultural Beco da Philipeia” que promove o consumo de drogas em praça pública (literalmente), assim como não foi a grande casa de show que eu fui que liberou Maria Joana para ir à apresentação d’O Rappa (ou talvez tenha sido – droga dá dinheiro). Com relação a Redação do Portal Correio, sugiro uma pesquisa de campo antes de determinadas publicações.

Karla Carolina

Quase sem respirar, Zum Respira Isso.

     O trocadilho é infame, mas é de conhecimento geral que uma das principais características do RAP é, além das rimas, o rápido jogo com as palavras. No lançamento oficial do disco, para 2014, “Eu Respiro Isso”, Zum Lima traz ao público seu primeiro single, de mesmo nome. E a música, apesar do título, é de tirar o fôlego.

     A letra traz uma melancolia, paradoxalmente, otimista, onde o artista recorre à sua essência (um tanto obscura) para, a partir dela, “vomitar” sua arte. É possível, também, perceber a relação íntima do artista com a música, seu eixo principal.

     “Louco por isso, louvo, ensino, explico/ Couro eficaz faminto, sinto o que há reflito, resisto/ Fazer por merecer, cifrões erguer, vencer/ Propõe, saber, poder, viver/ Contudo, luto, juro, retruco, expulso, apulso, reluto mundo mútuo”. No fragmento, percebe-se, de certa maneira, uma pequena luta interior, e nela, Zum dá o seu melhor. Sem abaixar a cabeça para as dificuldades, o artista enfrenta suas angústias e, no final, mostra que o caminho é a pertinência; e que sem ela, sobram apenas cordas e correntes. Nesse caso é melhor Respirar Isso, a se enforcar.

Karla Carolina